quinta-feira, 15 de março de 2012

Dia 19 de Março ...

Encontro com  BERNARDETE COSTA


Às 10H00, na biblioteca, os alunos do 10º ano conversam com a escritora  acerca da sua poesia. 



Procuro reter nas mãos
um só raio de sol

para derreter o gelo
de que são feitas as ausências.


in Insubmissão dos Afectos, Bernardete Costa


BIOGRAFIA
Bernardete Costa nasceu em Esposende, em 1949, tendo sido registada em Barcelos, onde residiu grande parte da sua vida. Em 1975, iniciou a carreira como docente no então ensino primário. Em 1984, muda-se para Vila Nova de Famalicão, onde se estreia na escrita jornalística e literária.
O seu gosto pela escrita levou-a a publicar algumas obras literárias. Assim, em 2000, editou o primeiro livro de poemas “A Guardadora de Ausências”, com prefácio de Urbano Tavares Rodrigues. A boa recepção da obra por parte da crítica, entusiasmou-a a continuar a escrever, especialmente poesia. Em 2001, publicou o segundo livro, “Lugares do Tempo”, (prémio literário da Câmara rio Cávado, em Esposende Municipal de Barcelos), em 2002, a“Insubmissão dos Afectos” e, em 2004, “Cerejas aos Molhos”. Igualmente dedicado à infância, publicou, em 2009, o livro de contos “O Doce Canto da Sereia e Outras Histórias”. Publica agora pela mão da “Atelier de Letras” o livro de Poemas para a juventude “Transpiração”, com a apresentação do conceituado e jovem escritor, valter hugo mãe.
Para além destas obras, tem artigos dispersos em antologias várias e publica textos inéditos no seu blog.
Bernardete Costa retornou às origens e vive, actualmente, em Esposende.

terça-feira, 13 de março de 2012

PARTILHAR LEITURAS

Histórias livres para uma livre partilha de histórias  ilustradas e escritas livremente em prosa e poesia.
Curiosidades e receitas bem doces para acompanhar e açucarar um qualquer  momento de leitura.
Eis o resultado do trabalho empenhado dos nossos alunos de 6º ano e dos professores que os acompanham.



http://www.issuu.com/coisinhas/docs/historias_livres?mode=window&backgroundColor=%23222222

segunda-feira, 12 de março de 2012

E o mundo ficou bem melhor...

Ainda neste mês de leituras, a BE dá os parabéns aos aniversariantes de Março!!


Dia de Anos

Com que então caiu na asneira
De fazer na quinta-feira
Vinte e seis anos! Que tolo!
Aida se os desfizesse…
Mas fazê-lo não parece
De quem tem muito miolo!

Não sei quem foi que me disse
Que fez a mesma tolice
Aqui o ano passado…
Agora o ano que vem, aposto,
Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo? Coitado!

Não faça tal; porque os anos
Que nos fazem? Desenganos
Que fazem a gente velho:
Faça outra coisa; que em suma
Não fazer coisa nenhuma,
Também lhe não aconselho.

Mas anos, não caia nessa!
Olhe que a gente começa
Às vezes por brincadeira,
Mas depois se se habitua,
Já não tem vontade sua,
E fá-los queira ou não queira!
.

João de Deus
in "Versos de João de Deus"

domingo, 11 de março de 2012

LER EM TODO O LADO


 ESCUTA, PÁRA E LÊ...!!!


Foi o que aconteceu na Semana da Leitura 2012... Escutámos, parámos e lemos textos de escritores de língua portugueses , em todos os lugares.
Alguns dos mais lidos falam-nos de livros, de bibliotecas, de bibliotecários e fazem-nos sorrir.


O senhor Juarroz gostava de organizar a sua biblioteca de maneira secreta. Ninguém gosta de revelar segredos íntimos.
O senhor Juarroz primeiro organizara a biblioteca por ordem alfabética do título de cada livro. Rapidamente, Porém, foi descoberto.
O senhor Juarroz organizou depois a sua biblioteca por ordem alfabética, mas tendo em conta a primeira palavra de cada livro.
Foi mais difícil, mas ao fim de algum tempo alguém disse: já sei!
A seguir o senhor Juarroz reordenou a biblioteca, mas agora por ordem alfabética da milésima palavra de cada livro.
Há no mundo pessoas muito perseverantes, e uma delas, depois de muito investigar, disse: já sei!
No dia seguinte, assumindo este jogo como decisivo, o senhor Juarroz decidiu arrumar a biblioteca a partir de uma progressão matemática complexa que envolvia a ordem alfabética de uma determinada palavra e o teorema de Godel.
Assim, para estranheza de muitos, a biblioteca do senhor Juarroz começou a ser visitada, não por entusiastas da leitura, mas por matemáticos. Alguns passaram tardes a abrir os livros e a ler certas palavras, utilizando o computador para longos cálculos, tentando assim encontrar a todo o custo a equação matemática capaz de desvendar a organização da biblioteca do senhor Juarroz. Era, no fundo, um trabalho de descoberta da lógica de uma série, semelhante a 2 1 9 1 30 1 93
Pois bem, passaram dois, três, quatro meses, mas chegou o dia. Um reputado matemático, completamente vermelho e eufórico, segurando, na mão direita, um bloco gigante coberto de números, disse: Já sei! E apresentou depois a fórmula da série que baseava a organização da biblioteca.
O senhor Juarroz ficou desanimado e decidiu desistir do jogo. Basta!
No dia seguinte pediu à sua esposa para organizar a biblioteca como bem entendesse. Por ele estava farto.
Assim foi. Nunca mais ninguém descobriu a lógica da organização da biblioteca do senhor Juarroz.
Gonçalo M. Tavares in O Senhor Juarroz



Comecei a gostar de ir à Biblioteca e descobri que os livros me divertiam, faziam sonhar, punham a minha imaginação a funcionar. Ri-me com as asneiras de João Pateta, voei com o Peter Pan, vi crescer o nariz do Pinóquio quando mentia. Dancei com a Gata Borralheira até à meia-noite, na noite em que ela perdeu o sapatinho, mas foi pela Bela Adormecida que estive apaixonado.
Chorei ao lado dos sete anões, quando a Branca de Neve foi envenenada, fiquei muito triste com a morte do Soldadinho de Chumbo e da Bailarina.
Era muito valente, aliás fui eu quem matou o lobo mau que queria comer o Capuchinho Vermelho e também ajudei o engenhoso cavaleiro D. Quixote de La Mancha a lutar contra os moinhos de vento.
Desse tempo conservo ainda alguns amigos que sempre me têm acompanhado: o rezingão do Pato Donald, o valente repórter Tintin e o irascível Astérix, que me ajuda sempre que estou em apuros.
Cresci.
Fui um herói de quinze anos. Passei dois anos de férias numa ilha misteriosa, mas para lá chegar percorri vinte mil léguas submarinas.

Dei a volta ao mundo em 80 dias. Fiz uma viagem ao centro da Terra e depois fui à Lua, andando cinco semanas em balão.
Acompanhei Lagardère, combati ao lado dos três mosqueteiros, fugi da ilha If com o Conde de Monte Cristo, naveguei no mar das Caraíbas com o Corsário Negro.

Naufraguei com Robinson Crusoé, cavalguei no Far West ao lado de Búfalo Bill, ajudei Sherlock Holmes a decifrar um crime misterioso.
Assim sonhei, assim vivi outras vidas, outras aventuras ao lado destas personagens maravilhosas que, para sempre, ficaram nos esconderijos da minha memória.
O tempo foi passando, continuei a crescer...
Comecei a precisar de ir à Biblioteca para estudar ou para aprender mais.
Lembro-me que uma vez o meu professor de História me mandou fazer um trabalho sobre a cidade romana que tinha estado na origem daquela em que eu habitava.
O professor não me deu qualquer orientação, mas na Biblioteca ajudaram-me: deram-me para ler alguns livros sobre a história da cidade e sobre as descobertas arqueológicas que ao longo dos séculos lá se tinham feito.
A Biblioteca é um lugar de encontros e desencontros, os livros aproximam as pessoas e podem mesmo ajudar a combater a solidão.

Henrique Barreto Nunes